"Vida Nova", uma história de imigrantes

Por Cezar Guedes em 28/06/2020 às 11:24:58
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Em "Vida Nova", Yoná Magalhães interpretou Lola, uma mulher bonita e determinada que despertava a cobiça dos homens / Arquivo GB Imagem

"Vida Nova" foi exibida pela Rede Globo no período de novembro de 1988 a maio de 1989, na faixa das 18h00. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, o folhetim contou a história dos imigrantes italianos que moravam num cortiço no Bairro do Bixiga, em São Paulo. Detalhe, o bairro até hoje é habitado pelos descendentes dos imigrantes que fazem questão de preservar sua cultura.

No cortiço morava a bela e fogosa Lola (Yoná Magalhães) que acabou despertando a paixão de Antônio, um competente sapateiro interpretado pelo saudoso ator Carlos Zara.

O cortiço retratado na novela era um lugar alegre, mas também cheio de muitas intrigas e confusões. Moradora numa das alas, Gema (Nívea Maria) acreditava que seu marido Sebastião (Roberto Bomfim) havia morrido e casou-se com Pietro (Osmar Prado). Os dois viviam felizes até que Sebastião reaparece e provoca uma reviravolta daquelas.

Vale a pena relembrar ainda o personagem vivido por Paulo José. O ator interpretou o italiano Francesco que sonhava em voltar para sua terra natal e morrer junto aos parentes deixados na Europa. Ele consegue realizar o seu desejo quando seu filho, Bruno (Giuseppe Oristânio) vem para o Brasil atrás do pai e começa a trabalhar como lavador de pratos num restaurante em São Paulo. Em pouco tempo, se destaca no trabalho e, como toda novela tem que ter um final feliz, Bruno acaba se tornando o dono do restaurante e financia a passagem para Francesco voltar à Itália. No elenco estavam também Luiz Carlos Arutim, Gabriela de Oliveira, Marcos Winter, Antônio Petrin, entre outros.

O autor Benedito Ruy Barbosa escreveu a novela como uma continuação da saga de "Os Imigrantes", exibida na Rede Bandeirantes, em 1981. Nos últimos meses da novela, o ator Lauro Corona se afastou das gravações por complicações de saúde. Na história, seu personagem Manoel Victor parte para uma viagem sem volta. O diretor Reynaldo Boury se lembra da cena em que o personagem Michel (Luiz Carlos Arutin) se despede do amigo Manoel Victor. De tão emocionado, Arutin se confunde e, em cena, despede-se de Lauro Corona, citando o seu nome, em vez do nome do personagem. A cena foi ao ar assim, por conta da sua dramaticidade. A sonorização apenas colocou uma música na fala para cobrir o lapso. Em sua última cena, Lauro Corona declama um texto de Fernando Pessoa, em "off", com sotaque português, enquanto o personagem se afasta por uma rua sombria, em uma noite chuvosa. Lauro Corona morreu, em julho de 1989, devido a complicações decorrentes do vírus da AIDS.
"Vida Nova" marcou a estreia de Luiz Fernando Carvalho como diretor de novelas na TV Globo. Para interpretar Samuel, o saudoso ator José Lewgoy precisou usar a língua iídiche, falada pelos judeus.
Além do Brasil, "Vida Nova" foi exibida em países como Chile, Nicarágua, Peru e Portugal.

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