MP está de olho nos processos licitatórios e contratos homologados por prefeitos após derrota nas urnas

Por Cezar Guedes em 18/12/2020 às 11:53:10
Renato Viana já tinha sido alvo de uma operação do MP em julho em inquérito aberto para apurar supostas fraudes em processos licitatórios

Renato Viana já tinha sido alvo de uma operação do MP em julho em inquérito aberto para apurar supostas fraudes em processos licitatórios

Na última terça-feira (15) o Ministério Público – através da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva (Núcleo Cabo Frio) – fez busca e apreensão na Prefeitura de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, para impedir que documentos relativos a licitações e contratos realizados depois da derrota do prefeito Renato Viana desaparecessem. A operação foi autorizada pela Justiça, que também determinou o afastamento do prefeito, para evitar o "desmonte da máquina administrativa" por Viana, que perdeu as eleições para Marcelo Magno. A atuação do MP mostra que a instituição está atenta ao que está ocorrendo nos municípios, e trabalhando para impedir o já manjado "barata-voa" adotado por gestores que perderam a cadeira ou não conseguiram eleger seus sucessores.

A estimativa de observadores atentos aos atos oficiais praticados em vários municípios após o resultado desfavorável nas urnas, é de que pelo menos R$ 300 milhões teriam sido licitados ou contratados pelas prefeituras em transição. Só em duas cidades da Baixada Fluminense, os valores comprometidos passariam de R$ 80 milhões, com pregões destinados a fornecimentos para os setores de Saúde e Educação.

Busca e apreensão – O despacho do juízo da Vara Única de Arraial do Cabo autorizou "busca e apreensão de processos administrativos relacionados a diversas licitações e contratos celebrados pelo município logo após as eleições", atendendo pedido feito pelo Ministério Público a partir de procedimento aberto para acompanhar a transição de governo. Na apuração o MP identificou "diversos atos e condutas que evidenciaram a omissão na transição da gestão municipal", além de "um conjunto de condutas que implicam má gestão, descontinuidade administrativa, paralisação de serviços e dano ao erário, que vão desde o extravio e destruição dolosa ou culposa de documentação oficial até a dilapidação do patrimônio e o desvio de recursos públicos".

Logo depois do primeiro turno das eleições o MP expediu recomendação para que o prefeito Renato Viana adotasse medidas para "uma eficiente transição de governo", o que foi ignorado. O ofício do Ministério Público sugeria o prazo de cinco dias úteis para formação de "equipe mista de transição de governo, constituída preferencialmente por servidores efetivos das áreas jurídica, contábil, financeira e de controle interno, além de representantes, em número paritário, indicados pelo prefeito eleito, com a finalidade de fornecer ao novo gestor os dados administrativos e financeiros do município.

Na mesma decisão o juízo Único de Arraial do Cabo determinou o não pagamento "de diversos contratos celebrados após as eleições e que apresentam indícios de irregularidades". A medida visa impedir dano ao patrimônio público municipal. Também foi determinada a produção antecipada de provas "para realização de inventário de bens e processos administrativos nas dependências das unidades administrativas do município".

Comunicar erro
TV AO VIVO
PMM