Joãozinho da Locanty pagava propina com cheques pré-datados, revela denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público

Por Cezar Guedes em 03/02/2021 às 23:58:19

Apontado como um dos maiores empresário da prestação de serviços ao poder público no estado do Rio de Janeiro, com atuação em vários municípios com destaque na coleta de lixo, João Alberto Felippo Barreto, mais conhecido como Joãozinho da Locanty, chegou a pagar propinas com cheques pré-datados, condicionados a quitação de faturas emitidas contra a Prefeitura do Rio de Janeiro pelos serviços prestados pelas empresas Laquix Comércio e Serviços e Claufran Segurança Patrimonial, de sua propriedade, mas registradas em nome de outras pessoas.

É o que consta de denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público contra 26 pessoas, entre elas Joãozinho e o ex-prefeito Marcelo Crivella. Pelo que foi apurado, os cheques eram emitidos pela empresa empresa Randy Assessoria, registrada em nome de Sabrina Gonçalves Alexandre Van Bavel, mas, na verdade, pertencente a João Felippo, como ele mesmo assumiu perante ao MP, onde confessou ser o "proprietário de fato" da firma, e que "usava o mesmo estratagema" junto às empresas Laquix, Claufran e Ambiental Service "para continuar operando de forma clandestina".

Pelo que foi apurado, "diversos cheques emitidos pela empresa Randy Assessoria" foram entregues a Rafael Alves, que seria o operador do então prefeito Marcelo Crivella, em troca da atuação de Rafael no sentido de viabilizar o recebimento de créditos das empresas de Joãozinho "perante o município do Rio de Janeiro".

A propina em cheques foi relatada inicialmente por outro colaborador do Ministério Público, o doleiro Sérgio Mizrahy, que fica encarregado de transformar os pré-datados em dinheiro. Segundo a denúncia, em algumas ocasiões Rafael Alves avisava Mizrahy "as datas em que aconteceriam os créditos do Tesouro Municipal nas contas das empresas administradas por João Alberto Felippo Barreto, para que ele pudesse depositar os cheques que tinha em mãos, sem correr o risco de que fossem devolvidos sem fundos".

Além de falar sobre os cheques, Sérgio Mizrahy relatou Rafael Alves "cobrava de João Alberto Felippo Barreto um percentual sobre o montante das liquidações cujos pagamentos eram viabilizados junto ao Tesouro Municipal", e que "os valores solicitados à título de propina eram pagos com cheques da empresa Randy Assessoria", os quais transformar em dinheiro "mediante a cobrança de uma taxa de 7%".

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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