Itatiaia: Inertes aos desmandos de Dudu na privatização da água, vereadores estariam com dificuldade para driblar rejeição da população em possível disputa na eleição suplementar

Por Cezar Guedes em 05/01/2022 às 01:37:25

Eleitos para serem representantes do povo, os 11 vereadores de Itatiaia, ao que parece, não passaram de plateia de luxo diante de mais uma possível manobra política encabeçada pelo ex-prefeito Eduardo Guedes, que deverá arder no bolso das famílias da cidade do sul fluminense todo mês durante os próximos 35 anos na conta de água e esgoto. Isso porque a concessão aconteceu à revelia da participação popular e sem resistência dos parlamentares, acostumados a se vangloriar de indicações e outras proposituras nas redes sociais. A suposta inércia estaria rendendo aos nobres edis a alcunha de "vereadores-planta".

A concessão aconteceu no último dia 29 de dezembro, quando a cidade foi incluída goela abaixo dos moradores no bloco 3 da privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), arrematado pela empresa Saab Participações II ao valor de R$ 2,2 bilhões.

Com as impressões digitais de Dudu cada vez mais visíveis na privatização da água, os vereadores Thiago Moreira, o Thiaguinho, João Marcio e Bruno Diniz deverão encontrar ainda mais dificuldades junto à população para se explicar. Isso porque o trio estaria na disputa para compor a chapa de prefeito e vice do grupo político de Dudu para a eleição suplementar do próximo dia 13 de março. Embora os observadores da política local garantam que Thiaguinho, ex-chefe de gabinete de Dudu e atual prefeito interino, esteja em vantagem diante dos olhos do (ex) chefe.

A Saab pertence ao grupo Águas do Brasil, que em 2019 foi uma das empresas designadas por Dudu a fazerem estudos técnicos relacionados ao abastecimento de água e tratamento de esgoto com objetivo de privatizar estes serviços no município. O que possivelmente poderia acontecer depois de o ex-prefeito garantir um novo mandato, em novembro de 2020, mas que acabou se transformando em duas impugnações na justiça eleitoral que impediram o retorno de Guedes à posse de seu objeto de desejo: "a caneta de ouro de Itatiaia".

Longe do poder, Dudu lançou mão de artifícios jurídicos que ajudaram a promover a instabilidade político-administrativa em Itatiaia. Tanto que ele conseguiu travar a eleição que deveria ter acontecido no último dia 12 de setembro ao obter uma liminar junto ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O que esticou o mandato do então prefeito interino Silvano Rodrigues, o Vaninho, colega de partido de Dudu.

Embora a liminar tenha caído em outubro, Vaninho teve tempo para assinar um ofício endereçado à Secretaria Estadual da Casa Civil solicitando a adesão de Itatiaia ao projeto de privatização da Cedae, que sequer opera no município. A assinatura aconteceu no dia 19 de outubro – com as bênçãos dos "vereadores-planta" –, quando Itatiaia já poderia ter um prefeito eleito e empossado, se não fossem as artimanhas jurídicas de Dudu.

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