Um giro pela Escandinávia

A Dinamarca é o portão de entrada da Escandinávia. Sua capital, Copenhague, é moderna e alegre. No verão, de junho a agosto, as ruas ficam cheias até altas horas. Nessa época do ano, o sol não se põe antes das 21 horas, época em que as pessoas sentam numa mesa ao ar livre, saboreando deliciosas cervejas nacionais. O Stroget, calçadão considerado uma das mais antigas vias comerciais europeias, é um caldeirão de culturas.

A melhor forma de conhecer Copenhague é pedalando. A cidade tem ciclovias bem sinalizadas e com semáforos exclusivos. Você pode pegar emprestada uma bike pública num dos 125 estacionamentos da prefeitura espalhados pela cidade. É fácil identificá-las: são coloridas e têm um cadeado que se abre com uma moeda de 20 coroas. Depois de usá-la, basta entregá-la em qualquer estacionamento e sua moeda será devolvida.

Copenhague é muito segura e cheia de torres e castelos. A cidade abriga uma das mais antigas monarquias da Europa, proclamada há cerca de mil anos, e hoje personificada pela Rainha Margaret. Até 1795, seus antepassados viviam no Castelo Christiansborg, cercado por enormes fossos, até que um incêndio fez com que mudassem para Amalienborg, um conjunto de quatro prédios rococós numa praça octogonal. O mais intimista de todos os castelos é Rosenborg, construído pelo rei Christian IV, no início do Século XVII, como residência de verão. É lá que estão guardadas as joias da coroa. Percebe-se que os dinamarqueses são bem orgulhosos de sua realeza.

Um dos lugares mais animados de Copenhague é Nyhavn, área portuária criada há 300 anos para atrair o comércio para o centro da cidade - o escritor Hans Christian Andersen, autor de fábulas como "A Pequena Sereia" e "Soldadinho de Chumbo", morou por um bom tempo na casa de número 20. Nos anos 70, Nyhavn passou por uma restauração, e seus coloridos prédios hoje abrigam bares, restaurantes e cafés. Já o parque Kongens Have (Jardim do Rei) é disputadíssimo no verão.

A Suécia não é à toa a sede do Nobel. Os suecos são fascinados por leitura. Quer uma prova disso? Então vá ao McDonald"s da rua Nybrogatan, perto do Teatro Real, na capital Estocolmo. Uma parede inteira da lanchonete é ocupada por nada menos que... uma biblioteca. O governo gasta milhares de dólares em campanha de incentivo à leitura. Esse apego à erudição pode ser percebido em vários lugares. Por exemplo: no prédio de tijolinhos vermelhos da prefeitura, o Starduhset, palco da festa de entrega do Prêmio Nobel. Não muito longe fica o bairro medieval de Gamla Stan. Vale a pena passar um dia inteiro ali, visitando o imponente palácio real, a catedral, o Parlamento, ou simplesmente perambulando sem rumo pelas ruelas e praças seculares. A maior dessas praças, chamada Stortorget, foi cenário, em 1520, de um sangrento episódio que culminou na independência do país da Dinamarca.

Ainda em Gamla Stan, divirta-se com a ruela Marten Trotzigs Gränd, considerada a mais estreita de Estocolmo - mede menos de 1 metro de largura -, e a Jarntorget (Praça de Ferro), onde ocorriam as execuções públicas. Hoje, ela é rodeada por cafés e tem, entre suas atrações, jovens que ganham a vida fazendo massagem nos turistas.

Das três capitais escandinavas, Oslo, a capital da Noruega conhecida como "a viking", tem a história mais turbulenta. Foi incendiada 14 vezes, a última delas, segundo a lenda, por três bruxas. Em 1348, metade da população foi dizimada pela peste negra e, dois séculos depois, a reforma luterana tingiu de sangue as ruas da cidade, com a destruição de igrejas e mosteiros.

Essa agitação toda, no entanto, faz parte do passado. A Oslo atual é tranquila e cheia de alamedas arborizadas e parques floridos. É uma das cidades mais verdes do planeta, com 50% de sua área ocupada por bosques, parques e florestas.

Um milhão de pessoas visitam todos os anos o Parque Frogner, também conhecido como Vigeland, homenagem ao escultor Gustav Vigeland, criador das mais de 200 estátuas que enfeitam o lugar. A história é curiosa: o governo norueguês ofereceu a Gustav, um artista brilhante e atormentado pelo alcoolismo, uma pensão vitalícia e um ateliê onde ele pudesse viver e trabalhar. Com uma condição: que as obras que ele produzisse passassem a decorar o parque. O resultado foi maravilhoso: as belíssimas esculturas de Vigeland narram o ciclo da vida, do nascimento à morte, expondo de maneira tocante nossos múltiplos estados de espírito - alegria, tristeza, dor, raiva, melancolia.

Nenhuma viagem à Noruega - e, por tabela, à Escandinávia - é completa sem um pulo aos fiordes, os vales glaciais inundados pelo mar que pontilham a costa oeste do país. Embarque num trem até Bergen, a segunda maior cidade norueguesa, conhecida como "capital dos fiordes". Nas sete horas do trajeto, o visitante atravessa cenários de cartão-postal: vales com rios esverdeados, florestas de pinheiros e montanhas com picos nevados. Em Bergen, o fascínio visual continua. A cidade tem um bairro histórico, na verdade uma única rua, declarado pela Unesco Patrimônio Histórico da Humanidade. É Bryggen, uma sucessão de casinhas coloridas, quase todas transformadas em restaurantes, lojas de suvenir e de artesanato. A maioria dos passeios pelos fiordes dura um dia inteiro.

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