Com porta aberta no município por Mario Peixoto, cooperativas receberam cerca de R$ 400 milhões em Mesquita até 2016

Por Cezar Guedes em 20/05/2020 às 10:32:41
Na gestão de Gelsinho as cooperativas faturaram altos, mas tem trabalhador que até hoje não recebeu os direitos trabalhistas

Na gestão de Gelsinho as cooperativas faturaram altos, mas tem trabalhador que até hoje não recebeu os direitos trabalhistas

Os meses de novembro e dezembro de 2016 foram marcados por protestos e revolta em Mesquita por conta de calote aplicado a trabalhadores contratados através de cooperativas para prestarem serviços à Prefeitura, o que não deveria acontecer, pois instituições como Multiprof, Captar Cooper, Coopsege e Renacoop receberam cerca de R$ 300 milhões durante a gestão do prefeito Rogelson Sanches Fontoura, o Gelsinho Guerreiro.

Três das quatro instituições foram citadas no inquérito que resultou na prisão do empresário Mario Peixoto, na Operação Favorito realizada pela Polícia Federal na última quinta-feira (14). A Multiprof e Captar por serem dirigidas por homens de confiança dele e a Renacoop, citada por emitir nota fiscal para uma firma do esquema de Peixoto e aparecer como mutuaria da Atrio-Rio, empresa apontada como braço forte do que a Polícia Federal classificou de "organização criminosa".

As cooperativas começaram a operar no município durante o governo Artur Messias, que em fevereiro de 2014 foi multado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, devido a contratação direta de pessoal através da Multiprof, por meio de um contrato de R$ 21 milhões, firmado em 2009, ano em que a instituição era representada pelo próprio Mario. A estimativa é de que a Multiprof tenha recebido cerca de R$ 100 milhões nas duas gestões de Messias. Mesmo com a saída de Artur a Multiprof continuou operando em Mesquita até ser sucedida pela Captar Cooper.

Números elevados – Os contratos firmados pela Prefeitura de Mesquita para terceirização de mão de obra chamam a atenção pelos números assustadores. Em 2013, de um empenho total de R$ 68.329.254,32 em favor de quatro cooperativas, R$ 50.122.122,10 foram efetivamente pagos. A Captar Cooper recebeu no período R$ 7.186.965,91 e a Coopsege R$ 20.165.712,34. A Multiprof faturou R$ 14.115.306,88 e a Renacoop o total de R$ 8.654.136,97.

No ano seguinte, embora o município passasse a contratar pessoal só de duas cooperativas, os gastos subiram de R$ 50.122.122,10 para R$ 88.399.065,51. Em 2014 a Coopsege teve a seu favor um empenho de R$ 73.950.465,50 e recebeu R$ 66.871.930,06 do total empenhado, enquanto a Renacoop faturou R$ 21.527.135,45 de um empenho global de R$ 26.250.946,32. Em 2015 os gastos com as cooperativas de mão de obra caíram bastante. Para todo o exercício de 2015 foi empenhada a soma de R$ 57.375.661,18 em favor da Coopsege e da Renacoop.

De acordo com os números, a instituição que mais dinheiro recebeu dos cofres públicos de Mesquita foi Coopsege, que faturou mais de R$ 190 milhões no período, sendo R$ 23 milhões nos últimos três meses de 2016, mas saiu sem pagar os vencimentos de outubro, novembro e dezembro, deixando revoltados os que realmente trabalharam.

"Fantasmas" – Que os gastos da Prefeitura de Mesquita com cooperativas sempre foram altos não é novidade para ninguém. Difícil é saber quantos funcionários terceirizados foram contratados desde a chegada destas instituições ao município, pois a relação nunca foi disponibilizada no site oficial do governo, o que acontece ainda hoje com as atuais organizações que estão à serviço da municipalidade.

Em maio de 2016 a Justiça determinou a suspensão do contrato firmado com a Coopesege, devido a suspeita da existência de "fantasmas" entre as 3.253 pessoas listadas na folha de pagamento. As suspeitas aumentaram depois que foi pedida uma lista com todos os nomes e CPFs dos contratados e recebeu um documento com 85 CPFs duplicados e 535 nomes sem o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas da Receita Federal. Apesar disto a instituição conseguiu uma decisão favorável em instância superior continuou faturando.

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