Presidente da Câmara de Porto Real é suspenso por suspeita de rachadinha

Por Cezar Guedes em 19/06/2024 às 21:04:30
O Poder Judiciário afastou por 90 dias do cargo de presidente da Câmara de Porto Real, no Sul do estado, o vereador Renan Márcio de Jesus Silva (foto) e o seu colega de legislativo, Ronário de Souza da Silva.

De acordo com o Ministério Público, Renan e Ronário criaram um suposto esquema de "rachadinha", envolvendo uma funcionária comissionada lotada na casa legislativa.
De acordo com a Ação Civil Pública, ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Resende em maio deste ano, Renan, a pedido de Ronário, assinou, em 4 de janeiro, a contratação de Elisamara Felício para o cargo comissionado de diretora do Departamento de Ouvidoria Legislativa, função ligada diretamente à presidência da Câmara.

Após a contratação, Ronário passou a exigir metade do salário da servidora, que correspondia a R$2 mil reais, sob ameaça de exoneração. O valor era entregue em mãos a Ronário para que não fossem deixados rastros da prática criminosa. Ainda segundo a inicial, ficou comprovado que Renan sabia desse e de outros esquemas de rachadinhas de Ronário e não agiu em nenhum momento para impedir a ação.

"Assim, a frequência mensal exigida para repasses de parte dos vencimentos da servidora e o modus operandi dos parlamentares evidenciam a real e concreta possibilidade de reiteração das condutas apontadas, ainda mais com a proximidade das eleições municipais, quando o desvio de salários de outros servidores poderia ser utilizado para custear as próximas campanhas dos réus, prática infelizmente recorrente na política brasileira", destaca trecho da ACP.

Em depoimento ao MP, Elisamara apresentou cópias dos extratos bancários de sua conta e da conta de seu ex-marido, deixando claro que todos os meses, logo após ter sua remuneração creditada pela Câmara de Porto Real, realizava saques em espécie (ou por vezes transferia a quantia certa para a conta de seu ex-marido, de onde ocorriam os saques em espécie), em valores que alcançavam aproximadamente a metade de seus vencimentos. Além disso, a vítima apresentou duas gravações onde entregava um envelope com dinheiro a Ronário e, em outra ocasião, a Taynara José, que também é servidora comissionada da casa, ligada diretamente a Ronário e contratada por Renan.

Ao procurar o presidente da Câmara de Porto Real para relatar o que estava acontecendo, Elisamara foi instruída a apagar todos os registros e possíveis provas contra Ronário. Com isso, ele garantiu que a prática iria acabar e que o emprego seria mantido sem que houvesse a necessidade de repartir o dinheiro. Como Elisamara não aceitou o combinado, Renan não só a ameaçou com também a exonerou do cargo.

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