Aos 101 anos, ex-combatente da Segunda Guerra luta para recuperar aposentadoria após erro em certidão de óbito

Por Cezar Guedes em 25/02/2025 às 12:25:48
Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Jorge dos Santos, ex-militar da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e veterano da Segunda Guerra Mundial, enfrenta uma batalha inesperada aos 101 anos: provar que ainda está vivo. Morador de Macaé, na Região Metropolitana do Rio, ele descobriu que seu nome consta em uma certidão de óbito registrada em São Paulo, datada de 2019, quando supostamente teria falecido aos 95 anos.

A documentação apresenta diversas inconsistências, como a informação de que ele seria solteiro e teria filhos — embora nunca tenha tido descendentes. Além disso, o CPF registrado na certidão não corresponde ao dele. Essas divergências o impedem de acessar sua aposentadoria, mesmo após ter realizado a prova de vida na Receita Federal em 2024.

Sem aposentadoria, Jorge depende da ajuda de vizinhos

Para corrigir o erro e recuperar seu benefício, Jorge precisa obter sua certidão de nascimento em Aracaju, cidade onde nasceu. No entanto, sem acesso à internet e enfrentando dificuldades auditivas, ele não consegue realizar o processo sozinho. Enquanto isso, sobrevive com o apoio de vizinhos e sobrinhos.

"Eu nunca fui a São Paulo", afirma Jorge, indignado com a situação. Sua esposa, Rita, também enfrenta problemas de saúde, e a ausência do benefício compromete o sustento do casal, que não tem condições financeiras para pagar cuidadores ou comprar remédios.

O advogado Júlio Cesar Gonçalves, que acompanha o caso, alerta sobre a gravidade do problema. "Sem esse documento, é impossível recuperar sua aposentadoria", explica.

Herói da FEB, agora vítima da burocracia

Jorge dos Santos é um dos poucos ex-combatentes da FEB ainda vivos no Brasil, um grupo com idade avançada, a maioria com mais de 95 anos. Aos 21 anos, ele embarcou para a Itália para lutar ao lado das tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial, enfrentando condições extremas, como frio intenso, fome e combates violentos.

"Ajudei muita gente, salvei muita gente", relembra, emocionado. No entanto, décadas depois de ter defendido o país, agora precisa lutar para garantir o mínimo necessário para viver com dignidade. Sem aposentadoria nem assistência adequada, Jorge está à mercê da burocracia, aguardando justiça para que possa recuperar o benefício pelo qual tanto batalhou.


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