Cinema Brasileiro Faz História no Oscar com "Ainda Estou Aqui" de Walter Salles

Na noite de hoje (3), o cinema brasileiro celebrou um marco histórico na 97ª edição do Oscar, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos. "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, conquistou o prêmio de Melhor Filme Internacional, uma vitória inédita para o Brasil.

O filme brasileiro superou fortes concorrentes, incluindo "Emilia Pérez" (França), "A Semente do Fruto Sagrado" (Alemanha), "A Garota da Agulha" (Dinamarca) e "Flow" (Letônia).

Walter Salles dedicou a conquista à memória de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. A busca de Eunice pelo destino de seu marido inspirou o roteiro do filme. Em seu discurso de agradecimento, Salles também destacou o trabalho das atrizes Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro.

Embora também tenha sido indicado ao prêmio de Melhor Filme, "Ainda Estou Aqui" perdeu para "Anora", que foi o grande vencedor da noite com cinco estatuetas.

Fernanda Torres, indicada ao prêmio de Melhor Atriz, não levou a estatueta, que foi para Mikey Madison, de "Anora". No entanto, Fernanda Torres fez história ao repetir o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, que foi indicada na edição de 1999 do Oscar como Melhor Atriz, mas perdeu para a americana Gwyneth Paltrow.

Clima de Copa do Mundo

A coincidência das datas da premiação com o carnaval brasileiro gerou um clima de torcida semelhante ao da Copa do Mundo. Máscaras de Fernanda Torres e Selton Mello (que interpretou Rubens Paiva), fantasias da estatueta dourada do Oscar e bonecos gigantes de Olinda foram vistos em desfiles e blocos carnavalescos por todo o Brasil.

Com suas indicações, o filme de Walter Salles, que aborda o desaparecimento do deputado Rubens Paiva (1929-1971) e a saga de sua esposa Eunice Paiva (1929-2018), já chegou vitorioso à festa da indústria cinematográfica.

Especialistas consultados pela Agência Brasil destacaram a capacidade do filme de abordar o passado de uma maneira diferente e a forma como a obra dialoga com os tempos atuais.

O livro autobiográfico que deu nome ao filme, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, subiu ao topo das listas dos mais vendidos. Recentemente, o caso Rubens Paiva ganhou novos desdobramentos. Em janeiro deste ano, a Justiça determinou a correção da certidão de óbito do ex-deputado. O documento original o classificava como "desaparecido político", mas agora registra que sua morte foi violenta, causada pelo Estado brasileiro.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu analisar se a Lei da Anistia, adotada ao fim do regime militar, se aplica a crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante a ditadura.

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A vitória de "Ainda Estou Aqui" no Oscar marca um momento de orgulho e reconhecimento para o cinema brasileiro, celebrando uma história de luta e resiliência que ressoa com o público mundial.