Tânia Rêgo/Agência Brasil
No ano de 2024, o número de mulheres vítimas de feminicídio no estado do Rio de Janeiro aumentou 8%, atingindo um total de 107 casos, em comparação com os 99 registrados em 2023. Esse crescimento alarmante representa o segundo maior patamar desde 2016, quando o crime passou a ser oficialmente contabilizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Os dados fazem parte do Panorama da Violência Contra a Mulher 2025, divulgado neste sábado (8) – Dia Internacional da Mulher – pelo Governo do Estado.
O feminicídio é o assassinato de mulheres motivado por ódio de gênero ou em contexto de desigualdade, como em casos de violência doméstica. No Brasil, essa tipificação foi introduzida em 2015, como uma qualificadora do crime de homicídio, o que aumentava sua pena. No entanto, em 2023, o feminicídio passou a ser considerado um crime autônomo, deixando de servir apenas como um agravante da pena por homicídio.
Apesar dessa mudança, os dados indicam que a transformação no código penal não reduziu a incidência de feminicídios. Pelo contrário: o assassinato de mulheres em razão de seu gênero continua crescendo, mesmo diante da queda de 26,3% nos homicídios dolosos com vítimas femininas, ou seja, aqueles em que o sexismo não foi um fator determinante.
Em números, isso significa que:
Esses dados reforçam a existência de um cenário extremamente preocupante para a segurança das mulheres, já que, mesmo com a redução geral dos homicídios, as mulheres seguem sendo assassinadas em um contexto de violência de gênero.
Segundo o relatório, o número de tentativas de feminicídio também bateu recorde em 2024, com 370 ocorrências registradas, um aumento de 20% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 308 denúncias. Esse número indica que centenas de mulheres escaparam da morte, mas seguem vivendo sob risco de novas agressões, tornando essencial o fortalecimento da rede de proteção.
Além disso, outros crimes contra mulheres e meninas também atingiram níveis alarmantes:
O Rio de Janeiro conta com 14 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), que desempenham um papel fundamental no acolhimento das vítimas. Somente em 2024, mais de 36 mil registros de ocorrência foram realizados nessas unidades, sendo que 22.710 estavam relacionados a pedidos de medidas protetivas.
Ou seja, milhares de mulheres precisaram de amparo legal para se proteger de agressores que já demonstraram ser uma ameaça real. Esses números mostram a urgência de fortalecer ainda mais as políticas públicas de proteção e o atendimento às vítimas.
Denunciar a violência contra a mulher é um passo importante para interromper o ciclo de agressões. Veja como agir e onde buscar suporte:
O aumento dos casos de feminicídio e o recorde de denúncias de crimes sexuais apontam para a necessidade de reforçar a proteção às mulheres e combater de forma mais eficaz esse tipo de violência.
Além da legislação, é imprescindível fortalecer políticas públicas, ampliar o acesso à informação e incentivar a denúncia de qualquer forma de agressão. A luta contra o feminicídio não pode se limitar a estatísticas – é uma questão de vida ou morte para milhares de mulheres.
Se você for vítima ou conhecer alguém que esteja sofrendo violência, denuncie! Há redes de apoio e profissionais preparados para oferecer suporte. A vida das mulheres importa e precisa ser protegida!