Feminicídios aumentam 8% no Rio de Janeiro em 2024: um alerta sobre a violência contra a mulher

Crescimento alarmante dos feminicídios no Rio de Janeiro em 2024 reforça a urgência de medidas de proteção e combate à violência contra a mulher.

Por Cezar Guedes em 08/03/2025 às 21:52:21
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Tânia Rêgo/Agência Brasil

No ano de 2024, o número de mulheres vítimas de feminicídio no estado do Rio de Janeiro aumentou 8%, atingindo um total de 107 casos, em comparação com os 99 registrados em 2023. Esse crescimento alarmante representa o segundo maior patamar desde 2016, quando o crime passou a ser oficialmente contabilizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Os dados fazem parte do Panorama da Violência Contra a Mulher 2025, divulgado neste sábado (8) – Dia Internacional da Mulher – pelo Governo do Estado.

O que é o feminicídio e sua evolução na legislação?

O feminicídio é o assassinato de mulheres motivado por ódio de gênero ou em contexto de desigualdade, como em casos de violência doméstica. No Brasil, essa tipificação foi introduzida em 2015, como uma qualificadora do crime de homicídio, o que aumentava sua pena. No entanto, em 2023, o feminicídio passou a ser considerado um crime autônomo, deixando de servir apenas como um agravante da pena por homicídio.

Apesar dessa mudança, os dados indicam que a transformação no código penal não reduziu a incidência de feminicídios. Pelo contrário: o assassinato de mulheres em razão de seu gênero continua crescendo, mesmo diante da queda de 26,3% nos homicídios dolosos com vítimas femininas, ou seja, aqueles em que o sexismo não foi um fator determinante.

Em números, isso significa que:

  • Em 2024, foram registrados 140 homicídios dolosos contra mulheres, sendo que 76% desses crimes foram feminicídios.
  • Em 2023, o total de homicídios dolosos contra vítimas femininas foi de 190, incluindo 99 feminicídios (52% do total).

Esses dados reforçam a existência de um cenário extremamente preocupante para a segurança das mulheres, já que, mesmo com a redução geral dos homicídios, as mulheres seguem sendo assassinadas em um contexto de violência de gênero.

Aumento recorde nas tentativas de feminicídio e crimes sexuais

Segundo o relatório, o número de tentativas de feminicídio também bateu recorde em 2024, com 370 ocorrências registradas, um aumento de 20% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 308 denúncias. Esse número indica que centenas de mulheres escaparam da morte, mas seguem vivendo sob risco de novas agressões, tornando essencial o fortalecimento da rede de proteção.

Além disso, outros crimes contra mulheres e meninas também atingiram níveis alarmantes:

  • Mais de 5 mil estupros foram registrados, ultrapassando a marca de 2023 em aproximadamente 300 casos.
  • As denúncias de importunação sexual chegaram a 2.441 registros, outro recorde histórico. Esse crime acontece quando alguém pratica atos libidinosos sem o consentimento da vítima – popularmente conhecido como "assédio".

Delegacias da Mulher registram mais de 36 mil ocorrências em 2024

O Rio de Janeiro conta com 14 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), que desempenham um papel fundamental no acolhimento das vítimas. Somente em 2024, mais de 36 mil registros de ocorrência foram realizados nessas unidades, sendo que 22.710 estavam relacionados a pedidos de medidas protetivas.

Ou seja, milhares de mulheres precisaram de amparo legal para se proteger de agressores que já demonstraram ser uma ameaça real. Esses números mostram a urgência de fortalecer ainda mais as políticas públicas de proteção e o atendimento às vítimas.

Onde buscar ajuda em caso de violência?

Denunciar a violência contra a mulher é um passo importante para interromper o ciclo de agressões. Veja como agir e onde buscar suporte:

  • Delegacias Especializadas: Qualquer mulher vítima de violência pode procurar uma delegacia da mulher (DEAM) ou uma delegacia comum para denunciar agressões físicas, psicológicas ou sexuais.
  • Polícia Militar – 190: Se a vítima estiver correndo perigo iminente, pode acionar a Polícia Militar pelo telefone 190.
  • Programa Patrulha Maria da Penha: Especializado no atendimento a vítimas de violência doméstica, garantindo o cumprimento das medidas protetivas. Nos últimos cinco anos, mais de 91 mil mulheres foram assistidas em cerca de 343 mil atendimentos.
  • Aplicativo Rede Mulher: Disponível para celulares, o app oferece informações sobre os serviços de proteção à mulher e permite que a vítima peça socorro rapidamente para amigos, familiares e até para a Polícia Militar.

O feminicídio precisa ser combatido com urgência

O aumento dos casos de feminicídio e o recorde de denúncias de crimes sexuais apontam para a necessidade de reforçar a proteção às mulheres e combater de forma mais eficaz esse tipo de violência.

Além da legislação, é imprescindível fortalecer políticas públicas, ampliar o acesso à informação e incentivar a denúncia de qualquer forma de agressão. A luta contra o feminicídio não pode se limitar a estatísticas – é uma questão de vida ou morte para milhares de mulheres.

Se você for vítima ou conhecer alguém que esteja sofrendo violência, denuncie! Há redes de apoio e profissionais preparados para oferecer suporte. A vida das mulheres importa e precisa ser protegida!


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