Glauber Braga entra em greve de fome após julgamento no Conselho de Ética

Deputado contesta processo que pode cassar seu mandato e denuncia perseguição política por críticas ao orçamento secreto

Por Cezar Guedes em 10/04/2025 às 13:19:46
 Deputado Glauber Braga ajeita colchão onde dorme na Câmara - Lula Marques/Agência Brasil

Deputado Glauber Braga ajeita colchão onde dorme na Câmara - Lula Marques/Agência Brasil

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está em greve de fome e acampado no plenário 5 da Câmara dos Deputados, em Brasília, desde a madrugada desta quinta-feira (10). A manifestação começou após o Conselho de Ética aprovar, por 13 votos a 5, parecer favorável à cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

Braga é acusado de agredir e expulsar um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara. Em defesa, afirma que reagiu a um insulto contra sua mãe e argumenta que está sendo alvo de perseguição política por denunciar irregularidades no Orçamento secreto.

"Estou há mais de 30 horas em greve de fome, ingerindo apenas líquidos. Essa é uma resposta política, não aceitarei ser derrotado por Arthur Lira e esse esquema comandado a partir do Orçamento secreto", declarou em rede social.

Sem falar diretamente com a imprensa para poupar energia, o parlamentar permanece no local acompanhado por assessores. Segundo sua equipe, ele segue sem alimentação sólida desde a noite da última terça-feira (8) e está sob acompanhamento médico, apresentando pressão arterial normal e peso de 91,7 kg.

A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), de 90 anos, chegou a cogitar adesão à greve de fome, mas foi convencida a colaborar por outros meios.

Braga pretende recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, caso o parecer seja mantido, o plenário da Câmara deverá dar a palavra final sobre sua cassação. Os partidos PT e PSOL anunciaram obstrução dos trabalhos da Casa em protesto contra a decisão.

O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), defendeu que a presidência da Câmara reavalie o caso, alertando sobre a "crise política" que se instala com a possibilidade de cassação de um parlamentar em meio a denúncias de represália por sua atuação crítica.

Braga é conhecido por ser um dos principais opositores do Orçamento secreto, mecanismo de destinação de verbas públicas sem transparência, cuja legalidade foi questionada pelo PSOL e pelo STF. Ele acusa o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o relator do processo, Paulo Magalhães (PSD-BA), de conduzirem um processo político com motivações pessoais e troca de favores políticos, o que ambos negam.

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