Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, envolvido na Operação Sem Desconto - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A recente determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a demissão de Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), levanta questões críticas sobre a gestão e a integridade do sistema previdenciário brasileiro. Stefanutto, um dos alvos da Operação Sem Desconto, é acusado de envolvimento em um esquema de cobrança indevida de mensalidades associativas, que teria subtraído cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.
A decisão do governo de efetivar a demissão através do Ministério da Previdência Social é uma resposta direta às ações da Justiça Federal, que já havia determinado o afastamento cautelar de Stefanutto e outros cinco servidores públicos. Esta situação expõe não apenas a fragilidade na supervisão e controle das operações do INSS, mas também um potencial desrespeito aos direitos dos beneficiários, que são, em sua maioria, cidadãos vulneráveis e dependentes de seus benefícios para a subsistência.
A operação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) destaca um problema sistêmico de confiança e transparência dentro das instituições que deveriam proteger os interesses dos cidadãos. O esquema investigado reflete falhas graves no monitoramento das parcerias entre o INSS e organizações da sociedade civil, que, sob o pretexto de cooperação técnica, estariam explorando os beneficiários por meio de cobranças indevidas.
A resposta do governo federal, ao suspender todos os acordos de cooperação técnica que permitiam a cobrança de mensalidades associativas diretamente dos benefícios pagos pelo INSS, é um passo necessário, mas que levanta a questão: por que tais práticas não foram identificadas e corrigidas mais cedo? A suspensão desses acordos é uma medida paliativa que precisa ser acompanhada de uma revisão abrangente das políticas e procedimentos do INSS para garantir que tais abusos não se repitam.
Este episódio sublinha a necessidade urgente de reformas no sistema previdenciário brasileiro, que devem incluir maior transparência, accountability e mecanismos de controle mais eficazes. Além disso, é essencial que o governo reconstrua a confiança pública no INSS, priorizando a proteção dos direitos dos aposentados e pensionistas.
A demissão de Alessandro Stefanutto é um lembrete contundente de que a integridade e a ética são pilares indispensáveis para a gestão pública, especialmente em instituições tão críticas quanto o INSS. O governo deve agora tomar medidas decisivas para garantir que o sistema previdenciário opere de forma justa, eficiente e em benefício dos cidadãos que dele dependem.
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