Mulher acusada de matar amiga na Região dos Lagos relata que também foi agredida

Por Cezar Guedes em 20/05/2023 às 14:33:39


Acusada de matar a amiga Nayra, Anna Clara prestou um novo depoimento na 132ª Delegacia de Polícia (Arraial do Cabo). Acompanhada do advogado Filipe Roulien, responsável pela defesa, ela relatou que não contou a versão verdadeira antes porque teve medo, uma vez que, segundo Anna Clara, "o verdadeiro agressor é um indivíduo conhecido de ambas, uma pessoa que apresenta personalidade agressiva e perigosa".
Ela e a amiga, relatou, foram sequestradas quando decidiram parar na estrada para fazer xixi e foram surpreendidas por dois homens em uma moto anunciando um roubo, conforme tinha dito no depoimento anterior. Anna disse, desta vez, que estava traumatizada com todo o ocorrido, já que foi forçada a cometer atos contra a sua vontade.
As duas, revelou, iam de Araruama para uma festa em Búzios, mas como a cidade estava vazia, decidiram voltar, e ao chegarem em Araruama foram ao bairro Barbudo, onde encontraram um homem com uma arma na cintura, uma faca em uma das mãos, e um galão contendo líquido dentro em outra.
Segundo Anna, o homem entrou no carro e sentou no banco traseiro, obrigando-a a dirigir. O homem, contou, não apontava um destino certo, mas apenas a mandava seguir no sentido da Praia Seca. Ela contou que durante todo percurso, as duas sofreram agressões verbais e físicas por parte dele. As quais constam descritas em laudo médico da polícia.
A acusada disse que o homem dizia que mataria a família das duas caso não conseguisse dinheiro, que elas responderam que não tinham o valor solicitado, mas o homem alegou saber que o marido de Nayra tinha e que também sabia o endereço da mãe dela, assim como o da loja de Anna Clara.
De joelhos – A acusada disse ainda que ao chegarem em uma praia, a qual soube depois ser a Praia do Pneu, o homem tirou Nayra de dentro do carro pelos cabelos e a colocou de joelhos. Em seguida, ainda segurando Nayra, mandou que Anna saísse do carro e entregou a faca à Nayra ordenando que a amiga a esfaqueasse, caso contrário ambas morreriam.
Anna disse na Delegacia que Nayra, seguindo as ordens dele, partiu pra cima dela, momento em que conseguiu empurrá-la, fazendo-a cair no chão. De acordo com Anna, nesse momento ela conseguiu se desvencilhar e se jogou por cima de Nayra. Foi quando deu duas ou três facadas no peito dela.
Em seguida, revelou que o indivíduo pegou o galão no interior do veículo e jogou o líquido em cima das duas e, quando perceberam que ele se aproximava com um isqueiro na mão, elas correram uma para cada lado, pelo meio do mato, tentando fugir do agressor.
Anna Clara contou que só percebeu ele tinha atingido Nayra porque ouviu a amiga gritando. Disse que, após, ele também conseguiu alcançá-la porque estava com o carro de Nayra. Neste momento, ela foi novamente obrigada a entrar no veículo, dessa vez no banco do carona, onde levou uma coronhada em sua perna esquerda.
A acusada disse que implorou por sua vida e se comprometeu a dar ao agressor o valor que solictado até o final do dia, caso a deixasse viva e não molestasse sua família. Disse, também, que enquanto essa discussão ocorria no interior do veículo, ele seguia de volta, sentido Araruama.

Anna Clara revelou que foi internada em uma clínica em Petrópolis, em razão do trauma psicológico sofrido e que não permaneceu em casa, por medo do agressor, até mesmo em razão de não ter pago o valor que ele exigiu.
Vítima – Para o advogado, Anna Clara foi tão vítima quanto Nayra, tendo apenas mais sorte por ter conseguido escapar do indivíduo, mesmo após ter sofrido agressões, as quais foram confirmadas no exame de corpo de delito.
"Anna Clara foi tão vítima quanto Nayra. As duas foram levadas a um local ermo, onde a intenção era matá-las. Além das agressões sofridas, as quais foram confirmadas no laudo da própria polícia, Anna Clara estava com medo do agressor, uma vez que se trata de uma pessoa perigosa e de personalidade violenta. Ela está traumatizada e com medo de morrer. Mesmo assim, contribuiu com a Justiça prestando novo depoimento na delegacia de Polícia Civil, narrando os fatos sofridos por ela e pela vítima. Não há qualquer elemento que justifique que Anna Clara teve a intenção de matar Nayra. Desde quando se conheceram, sempre foram amigas e não há nenhuma narrativa ou testemunha de qualquer empecilho ou rusga entre as duas. Anna Clara simplesmente tentou sobreviver diante de um jogo macabro com intuito de extorsão, no qual ambas foram envolvidas. O exame de corpo de delito demonstra diversas equimoses e escoriações. Conforme é possível verificar, o laudo da própria polícia confirma que Anna Clara também teve sua vida atentada", afirma o advogado.
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