Contribuintes de Casimiro de Abreu se queixam da falta de transparência na Saúde, e divulgação de ofício em que OS cobrava uma segunda parcela dias depois de contratada irritou secretário

Quando, em abril de 2022, o Jornal dos Municípios revelou que a Prefeitura de Casimiro de Abreu havia comprado sem licitação R$ 7,6 milhões em tablets, optando por um modelo que o mercado varejista estava oferecendo a preço mais em conta à época da aquisição que foi paga a vista, o vereador Pedro Ygor Gadelha falou firme na tribuna da Câmara Municipal, prometeu apresentar pedido de informações e ir a fundo para esclarecer tudo.

Até hoje não se sabe o resultado das providências que o "fiscal do povo" tomou, mas o fato é que o então oposicionista ferrenho à gestão do prefeito Ramon Gidalte, mudou de lado, e hoje se mostra irritado quando são apontadas ações esquisitas do governo, como o assunto de uma série de matérias sobre a contratação de uma organização social da Bahia para gerir o Hospital Municipal Ângela Maria Simões Menezes e da Unidade de Apoio de Barra de São João, em "emergência" homologada por ele, que ao mudar de lado ganhou o comando da Secretaria Municipal de Saúde.

Goste ou não o hoje secretário de Saúde, pegou muito mal a contratação por "dispensa de licitação" da OS Instituto de Saúde Nossa Senhora da Vitória, controlado pela Santa Casa de Misericórdia de Oliveira dos Campinhos, logo após a rescisão do contrato licitado que vinha sendo mantido com a antiga gestora, principalmente porque já se sabia nos ambientes de poder local desde dezembro de 2022, que o Instituto Multi Gestão seria tirado de operação no município, o que significa dizer que a administração municipal teve tempo de sobra para realizar uma nova licitação – modalidade chamamento público – para contratar uma nova OS.

Depois da alegada "emergência" observadores mais atentos passaram a voltar suas atenções para os gastos da Secretaria Municipal de Saúde, e se queixam de que nem todas as despesas contratadas e pagas com recursos do Fundo Municipal de Saúde estariam sendo disponibilizadas no que a Prefeitura de Casimiro de Abreu chama de Portal da Transparência.

Cobrança antecipada – O contrato com a nova OS foi firmado em 28 de abril, e já se sabe que a instituição recebeu, logo depois da assinatura uma parcela de mais de R$ 3,2 milhões. Mas não é só isto. No dia 15 de maio, 17 dias após ter firmado o contrato de gestão 01/2023, Valderiano de Freitas Neto, presidente do conselho de administração da OS, encaminhou ofício 03/2023 à Secretaria Municipal de Saúde, pedindo o pagamento da segunda parcela.

De acordo com fontes ligadas ao governo, a divulgação do ofício com pedido de pagamento feito pelo Instituto de Saúde Nossa Senhora da Vitória teria deixado o secretário de Saúde muito irritado, a ponto de ele ter convocado uma reunião para questionar sobre o vazamento do documento, que está em poder do Jornal dos Municípios para ser usado no caso de ser necessário comprovar a existência dele.

Segundo uma das fontes, Pedro Ygor teria prometido identificar o responsável, pois precisaria saber quem está "atravessando" ofícios que circulam na Secretaria de Saúde. A questão é que Pedro comanda um órgão público, sustentado com dinheiro público e, por isto mesmo, como "fiscal do povo" no período em que esteve na Câmara de Vereadores, deveria saber que a transparência tem de ser total.

*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Casimiro de Abreu