QUEBRANDO TABU

Por Cezar Guedes em 09/12/2020 às 01:22:25

Maria de Fátima Pereira Canêjo Francisco (foto) é a primeira mulher em 161 anos a assumir a cadeira de vereadora na Câmara Municipal de Casimiro de Abreu. Professora, com formação em direito e pedagogia, ela será uma entre oito parlamentares que assumem o cargo em 1 de janeiro. Casada com o ex-vice-prefeito José Alexandre há 30 anos, Fátima espera ter no Legislativo o mesmo tratamento que recebeu nas ruas do povo casimirense durante o pleito eleitoral. Em uma entrevista on line, a nova vereadora falou de seus anseios, projetos e perspectivas para os próximos anos. "São 161 anos de espera e se depender de mim, serei a primeira e não a última".

Como você se sente ao saber que é a primeira mulher eleita vereadora em Casimiro de Abreu?

Sinto-me muito orgulhosa e, andando pelas ruas do município, nas últimas semanas, pude constatar a representatividade dessa conquista. Percebo que a prerrogativa de ser a primeira vereadora de Casimiro de Abreu traz muitas responsabilidades. São muitas expectativas, muitas demandas, muitos desafios, mas estou preparada para a empreitada.

Em sua opinião, o fato de só em 2021 uma mulher ser eleita vereadora revela um certo "machismo" de parte dos eleitores casimirenses?

A luta pelo direito das mulheres sempre foi permeada pelo contexto histórico de exclusão. Não podemos ignorar que vem progredindo, mas é visível (não só em Casimiro de Abreu) que o número de representação feminina na política ainda é muito abaixo do desejado. Como já disse em outras oportunidades, estava passando da hora de termos uma representante feminina na Câmara Municipal. São 161 anos de espera... E se depender de mim, serei a 1ª, mas não serei a última.

Conte um pouco sobre a campanha eleitoral. Qual as suas dificuldades e que estratégias usou para ganhar o voto do eleitor ?

Essa, sem dúvida, foi uma campanha fora do padrão. Já participei de outras eleições e nada se compara a essa. Não só pela pandemia, mas também por outros elementos que ganharam força e que estabeleceram novos comportamentos: saímos do corpo a corpo e dos comícios para as redes sociais, as lives, as propagandas digitais. Tudo muito novo, muito dinâmico, muito diferente. Então, não foi fácil.

Quando falei que ia me candidatar, recebi apoio de muitos amigos (Graças a Deus!) e de pessoas que eu nem tinha tanto contato e isso me incentivou bastante. Eu sempre fui participante ativa de eventos do município e sempre tive uma postura de lutar pelas coisas nas quais acredito e defendo. Quando assumo um compromisso, agarro com forças e trabalho duro para ajudar as pessoas. Então, não tenho dúvidas: a transparência, o afeto, o comprometimento com as pessoas fizeram toda a diferença e foi a estratégia da minha campanha.

Qual a contribuição de seu marido, Zé Alexandre , em sua campanha ?

Estou casada há 30 anos e sempre estivemos juntos não só na vida pública, mas (e principalmente) em todos os momentos da formação de nossa família e da nossa história. Nessa caminhada, sempre houve muito respeito e admiração e na campanha não foi diferente. Ele é mais que um marido; ele é meu companheiro, meu amigo, meu incentivador. Que mulher poderia desejar mais do que isso?

A Câmara elegeu oito vereadores e uma vereadora. Que ambiente espera encontrar ?

Vou participar ativamente das sessões e tenho certeza de que serei acolhida e respeitada pelos meus colegas do legislativo. Quero colaborar: propor e defender ideias para atender às demandas do nosso município e acredito que eles tenham o mesmo objetivo.

Quais são seus objetivos e seus projetos como vereadora ?

O meu objetivo é cumprir o mandato com honra e muito compromisso. Como representante da sociedade, pretendo atuar dentro e fora da Câmara: visitar as comunidades para conhecer as demandas sociais, os interesses da coletividade e ouvir os moradores.

Em relação aos projetos, pretendo contribuir no que for possível como membro do legislativo. Não tenho a caneta para executar, mas tenho muita força para lutar. Já li todo o regimento da Câmara para conhecer as tramitações legais. Inclusive, constatei que no Regimento de Casimiro não existe uma comissão que contemple os direitos da mulher. E não só isso: não contempla os direitos humanos, os idosos, as pessoas com deficiência, etc...Estou estudando, elaborando e, com certeza, esse será um dos meus primeiros atos. E reafirmo: o meu potencial sempre foi cuidar e estar com as pessoas e essa continuará sendo a minha bandeira como vereadora.

Você se elegeu pelo grupo do atual prefeito Paulo Dames. Isso significa que fará oposição ao prefeito eleito, Ramon Gidalte?

Se ser oposição for sinônimo de "ser do contra", criticando e atrapalhando todo e qualquer projeto do governo, a minha resposta é não. Como vereadora, meu papel é fiscalizar os atos do prefeito na administração municipal, principalmente no tocante ao cumprimento da lei e da boa aplicação e gestão dos recursos públicos. E, reafirmo, tenho um compromisso assumido para as melhorias do nosso município e a minha luta será por elas.
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