Presidente da Câmara de Silva Jardim mantém CPI engavetada a mais de quatro meses, diz vereador

Descaso, desrespeito com a população e impunidade. Por que a Câmara de Silva Jardim não instalou Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar o passeio de parentes da prefeita Maira Monteiro em um carro adesivado da Secretaria Municipal de Saúde a um parque temático em Santa Catarina? O fato ocorrido no fim de maio deste ano causou grande repercussão na cidade, e apesar dos discursos inflamados dos vereadores, nenhuma investigação foi aberta pelo Legislativo, cuja função é fiscalizar os atos do governo. Foi preciso uma reportagem da TV Alto Litoral, exibida nesta semana, para que os vereadores saíssem de sua inércia e voltassem a discutir o caso.

De concreto, as únicas providências tomadas até agora foram as exonerações do motorista da van, conhecido por Santos, do chefe municipal de transportes, Denilson Alves, e do subsecretário de Esportes, Rodrigo Monteiro.

"Fui demitido porque o dono da van —Romildo Monteiro —, tio da prefeita, mandou levar (e buscar) os parentes dela e dele ao Aeroporto Santos Dumont", desabafou Santos, motorista da van.

Estavam no passeio, segundo a denúncia de três vereadores: o subsecretário de Esportes Rodrigo Monteiro, a assessora especial de Gabinete, Roberta Monteiro Nascimento Paula, o chefe da Guarda Municipal, Edson Monteiro e a chefe de Gabinete, Simone Maria dos Santos, além de servidores e demais parentes da prefeita. Desse grupo, apenas Edson e Simone não viajaram ao Parque Temático.

De acordo com o vereador Luiz Evandro Junior, o Juninho Peruca, que filmou o veículo no pátio do Aeroporto numa noite de sábado, a Comissão de Investigação não foi instalada por culpa do presidente da Câmara, Fabrício de Napinho, responsável por pautar as matérias que tramitam na Casa. Peruca também afirma que o veículo, alugado pela prefeitura e utilizado na ocasião, era de Romildo Monteiro, tio de Maira.

Segundo a prefeita, o contrato de prestação de serviços determina que a van deve estar a serviço do município, inclusive aos sábados, mas no dia do flagrante, a van não havia sido requisitada à empresa contratada. Por isso, de acordo com ela, aquela viagem, ou qualquer outra, não criaria despesas para o município de Silva Jardim.

"Agradeço aos vereadores que foram checar a informação, pois este é o dever do parlamentar, e do próprio cidadão. Mas quero tranquilizar a população de Silva Jardim, reiterando que não houve qualquer abuso com o dinheiro público. Ressalto ainda que foram instaurados os Processos Administrativos n.ºs. 5594/2022, 5614/22 e 5617/22 a fim de apurar os fatos. Quero esclarecer que o procedimento é de acesso público e que seus atos ocorrerão de forma transparente e imparcial", disse Maira na ocasião.

Já seu marido, Jaime Figueiredo, atual secretário de Governo, disse que a investigação é necessária, mas o ato de filmar os passageiros da van, segundo ele foi "constrangedor e imoral".

Mas nada se compara às esfarrapadas desculpas de Fabricio de Napinho. Ele nega que "não tenha feito nada" e preferiu justificar a omissão com outros atos de sua atuação como vereador. "Tudo vai ser esclarecido. Se tiver que ter punição, vai ter, mas não aceito covardia", declarou na última sessão.