"Amor a Vida" pode ser a "nova" novela das nove

As emissoras de televisão pouco a pouco estão retomando as gravações de seus programas, no entanto é incerta volta dos folhetins inéditos

Por Cezar Guedes em 14/06/2020 às 22:39:13
Mateus Solano e Paolla Oliveira foram clicados em um trem local, rumo a Machupicchu, numa das cenas de seus personagens, os irmãos Félix e Paloma, da novela

Mateus Solano e Paolla Oliveira foram clicados em um trem local, rumo a Machupicchu, numa das cenas de seus personagens, os irmãos Félix e Paloma, da novela

Tudo indica que as gravações de novelas, série e afins ficarão para o ano que vem. A incerteza é grande porque o novo coronavírus continua ativo em todo Brasil e, por mais que se observe as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a gravação de cenas ainda causa dúvidas porque nesse trabalho o contato, a aproximação física, são inevitáveis. Como produzir cenas com personagens usando máscaras? Como observar a distância segura entre pessoas numa cena? Sem contar, que os tão esperados romances, com beijos e carinhos, estão completamente fora de questão, por enquanto e sem data de liberação. As emissoras de televisão e suas produtoras estão se mobilizando para retomar a gravação dos programas com auditório, que estão sendo adequados para atender a recomendação de distanciamento. É unanime a intenção de se voltar à antiga normalidade, mas o fato é que a presença do novo coronavírus mudou o nosso comportamento e é muito difícil que a Humanidade não fique irremediavelmente marcada.

Falando das tradicionais novelas mostradas nas emissoras de televisão abertas, e também em algumas plataformas de streaming, como a Globoplay que está disponibilizando algumas tramas que fizeram sucesso, especula-se que "Amor à Vida", trama escrita por Walcyr Carrasco e exibida entre maio de 2013 e janeiro de 2014, sucederá "Fina Estampa", que começou a ser mostrada, em edição especial, quando foi anunciada a pandemia e as emissoras suspenderam as gravações em seus estúdios. A saída encontrada pela Globo que estava a todo vapor com "Amor de Mãe", "Salve-se Quem Puder", e com "No Tempo do Imperador" pronta para estrear, foi recorrer às reprises. Lembrando que nada foi confirmado ainda; sabe-se que a Globo e seus autores de teledramaturgia têm discutido a questão incansavelmente, mas as preocupações quanto ao contágio ainda são maiores do que tudo.

A novela "Amor à Vida" teve suas primeiras cenas gravadas no Peru e contou a história de Paloma (Paolla Oliveira), Ninho (Juliano Cazarré) e da filhinha deles que foi roubada pelo tio, Félix (Mateus Solano), e que foi criada por Bruno (Malvino Salvador). Paloma era filha do poderoso casal César Koury (Antonio Fagundes) e Pilar Koury (Susana Vieira); seu irmão Félix era casado com Edith (Bárbara Paz), um casamento arranjado para esconder a homossexualidade de Félix e cabe aqui registrar a atuação fenomenal de Mateus Solano no papel do vilão que foi capaz de roubar a sobrinha recém-nascida e jogar a pequena numa caçamba de entulhos. As cenas iniciais da novela mostraram a bela paisagem da região dos incas, no Peru, inclusive Machupicchu e a população local.

O novelista Walcyr Carrasco, através dos personagens da sua história, levantou a bandeira para algumas questões, além do homossexualismo através de personagens como Félix, Niko (Thiago Fragoso), Erom (Marcello Antony) e André (Eriberto Leão), mas também quanto ao Autismo. A personagem Linda era portadora do espectro autista e contou com a interpretação magistral de Bruna Linzmeyer. No decorrer da trama, Linda forma par romântico com Rafael (Rainer Cadete), um médico que fez diferença na vida dela e da família na trama e a partir desse enredo também trouxe para a vida real muita informação sobre o espectro autista para o público que acompanhou o folhetim.

"Amor à Vida" marcou a estreia de Tatá Werneck como atriz de novelas; lembrando que ela já tinha uma vasta experiência na televisão como apresentadora, humorista e também de atriz em séries. Nesta trabalho, Tatá fez a Valdirene do Espírito Santo e comandou o núcleo cômico da novela contracenando principalmente com Elizabeth Savalla, que fez a Márcia, mãe de Valdirene, e com Anderson Di Rizzi, na pele de Carlito, um eterno apaixonado pela moça.

Como toda boa novela, Walcyr Carrasco criou personagens cheio de mistérios e segredos escondidos no passado de cada um deles. E também tinha vilões, como Félix Khoury e Aline Noronha, vivida por Vanessa Giácomo. Completamente maldosa – e com razões para isso escondidas em sua história – Vanessa foi tão dissimulada que conseguiu conquistar o coração de César, casar-se com ele, e envenena-lo aos poucos, até deixa-lo cego. César Khoury acaba seus dias numa cadeira de rodas e sendo cuidado pelo filho Félix, a quem ele tanto perseguiu não aceitando a sua homossexualidade.

Ainda tem a Paulinha (Klara Castanho), filha de Bruno (Malvino Salvador), quando na verdade é a bebê desaparecida de Paloma e Ninho. Vale ressaltar o desempenho da então atriz menina.

"Amor à Vida" pode ser considerada um "novelão" com ingredientes ainda muito atuais, mesmo tendo sido produzida há sete anos e, por isso, ter um certo gosto de "história requentada", mas nem por isso deveria deixar de ser vista novamente.

O fato é que a pandemia tem outras faces, além daquela óbvia e mais aparente que é a ameaça à nossa vida. A pandemia pede paciência e pede também um repensar da nossa vida como um todo. E essa consequência é para todos. Todos nós estamos tentando emergir do isolamento, recuperar a normalidade dentro da nova normalidade imposta pela situação atual.

O jeito é tentar ser feliz da maneira que for possível. E se tivermos que encarar mais uma reprise de novelas, que assim seja!

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